segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Hipocondríacos


O que caracteriza a hipocondria são pensamentos intensos, desconfortáveis que invadem a mente e se intrometem no raciocínio normal com idéias de doença. A pessoa se imagina doente, percebe sinais que não existem, se identifica com sintomas descritos por outras pessoas e passam a considerar que também tem esta doença.
O hipocondríaco é extremamente auto-centrado, mantém a observação em si mesmo, seu foco está constantemente avaliando suas próprias sensações corporais e diagnosticando doenças inexistente.
O pior companheiro do hipocondríaco são os livros e sites que descrevem doenças, pois estas informação nutrem seu arsenal de argumentos para convencer a quem quer que seja, às vezes até aos médicos, de que realmente possui tal doença.
O hipocondríaco sofre com ansiedade e assim aumenta cada sensação corporal normal a ponto de considerar que algo não vai bem. Por exemplo, ao subir uma escada qualquer ser humano normal perde um pouco o fôlego, mas o hipocondríaco fará deste momento uma “prova” de que tem problemas cardíacos.
O hipocondríaco possui atenção seletiva. Por exemplo, ao assistir um programa da TV sobre dengue, passará a perceber cada mosquito que passa ao redor, verá listras brancas – características do mosquito da dengue – em absolutamente todo mosquito, e qualquer sinal vermelho em sua pele, provocado por sua própria unha sem perceber, será identificado como picado do mosquito da dengue.
Um grande prejuízo que o hipocondríaco causa a si mesmo é confundir os médicos e não ser diagnosticado corretamente quando de fato estiver doente, pois há uma grande quantidade de visitas ao médico e realizações de exames desnecessários, e claro que muitas vezes a depressão acaba sendo inevitável
Hipo: Vem do grego hypo, significa “abaixo”.
Condria: Vem de kondrós, significa “cartilagem do tórax”. Se refere à região logo abaixo das costelas, onde fica a vesícula, baço e rins. Órgãos que na antiga Grécia eram relacionados a produção de bile. Acreditava-se que a melancolia se devia à bile negra, e como muitos depressivos se preocupavam exageradamente com sua própria saúde, o termo hipocondria foi usado para identificar aqueles que se consideram excepcionalmente sensíveis à doenças.
Mães ocupadas demais com muitos afazeres podem passar uma imagem errada às crianças fazendo-as pensar que só receberão amor e acolhimento quando, e se, estiverem doentes, facilitando a associação de cuidados médicos com amor. O resultado seria a busca de amor e carinho através de cuidados médicos. Não estou, de forma alguma culpando as mães, não há como saber que seu filho fará esta associação, a mãe é a personagem principal da história de vida da criança, mas de forma alguma será a única responsável pelas conclusões que esta criança tira de suas próprias experiências.
De toda forma só será hipocondríaco quem também é muito ansioso. A hipocondria e ansiedade andam de mãos dadas. Todo hipocondríaco é ansioso, mas nem todo ansioso será hipocondríaco.
A hipocondria pode ter siso aprendida de forma casual. Por exemplo, uma pessoa ansiosa pode ter percebido alivio de sua ansiedade causada por problemas que estão acontecendo em seu dia a dia - como a cobrança do chefe, o fora da namorada - ao focar sua mente em outros assuntos nos quais ele imagina que terá controle, como o seu próprio corpo. Ou seja, o pensamento neurótico do hipocondríaco é mais ou menos assim: “há uma séria de coisas ruins acontecendo em minha vida e não sei como superar, mas pelo menos posso cuidar de minha doença X”. Claro que esta conversa é inconsciente, nenhum hipocondríaco identificará esta conversa em sua própria mente. Também é claro que estas doenças imaginárias não encontrarão “cura”, pois se o hipocondríaco eliminá-las terá que olhar para os outros problemas de sua vida – estes sim reais.
Portanto a hipocondria é uma escolha inconsciente para evitar contato com os verdadeiros problemas da pessoa.
Doenças venéreas, problemas cardíacos, câncer, dengue, etc. Não há limites para a imaginação do hipocondríaco. Qualquer doença que ele possa ter ouvido falar poderá ser alvo de sua angustia.
Exames clínicos podem trazer alivio, pois haverá uma prova cabal de sua saúde perfeita, mas infelizmente a criatividade do hipocondríaco é muito boa. Logo ele encontrará argumentos, falsos diga-se de passagem, de que talvez sua doença não tenha sido acusada nos exames por estar no inicio, ou devido ao equipamento daquele laboratório que ele “tem certeza” que está desatualizado, ou ele considera que o médico é novo demais e não tem experiência suficiente, ou que o medido é idoso demais e está desatualizado. Viu? Parece que a única vantagem da hipocondria é desenvolver uma criatividade acima da média para encontrar argumentos furados.
Um grande risco na hipocondria é a automedicação. Tomar medicação prescrita para outros momentos e outras doenças que já teve. Tomar medicação prescrita para outras pessoas. Usar medicação sem tarja vermelha e por isso considerar que pode usar em qualquer quantidade. Não deixa de ser uma bela auto-sabotagem .
O hipocondríaco se considera um expert, um médico cujo conselho de medicina ignora. Ele já leu tanto, já pesquisou tanto que acha que sabe tudo sobre qualquer doença, mas não sabe.
Não é recomendado nem aos próprios médicos que usem medicação que pertençam a outras especializações que não a sua.
Um grande problema são os anúncios de remédios, as pessoas vão para os consultórios já com a receita na mão só esperando que o médico a assine. E este médico será considerado incompetente caso não o mande pra casa com um receituário bem recheado de prescrições medicamentosas.
Sim , são sintomas imaginários mas as sensações são percebidas com realidade. Nossa mente nos provê desta capacidade, se você pensar muito em dor, acreditar que tem algo que lhe causa, você sentirá dor. Sentirá coceira, taquicardia, falta de ar, ou o que for a peça que sua mente estiver lhe pregando. Isso não significa que o causador destes sintomas sejam doenças, e nem que estes sintomas realmente existem, pois o que existe é a sensação do sintoma. Por exemplo, tive uma paciente que uma vez por semana aparecia no pronto socorro dizendo que estava com falta de ar. Depois de algumas visitas o médico já sabia de seu quadro, então olhava para ela e dizia: “estou vendo você respirar, seu rosto está bonito, corado saudavelmente, você não está com problemas de entrada de ar em seus pulmões”. E com isso ela se acalmava e voltava para casa.A síndrome de pânico se caracteriza por sintomas orgânicos fortes e reais, que faz a pessoa pensar que tem algum problema orgânico muito forte, mas ao ser examinada percebe-se que não tem nada físico, mas a sua mente está fazendo-a acreditar que sim. Sendo assim a hipocondria pode aparecer nos quadros de pânico. Não aparece em todos os casos, mas em alguns sim.Deve-se tratar a ansiedade, e para isso o psicoterapeuta é a pessoa que tem os instrumentos para a cura da hipocondria. O psicólogo clinico, conhece muito bem e sabe até mesmo que na maioria das vezes os médicos não levam em consideração a gravidade do sofrimento psicológico causado pela hipocondria e não encaminha este paciente para psicoterapia. É uma verdadeira falta de respeito ao sofrimento emocional. O hipocondríaco precisa de ajuda emocional. A psicoterapia é muito eficiente e deve ser e a consulta com psicólogo deve ser procurada o quanto antes. Se o próprio doente não perceber que deve procurar o psicólogo, pois ele tem a idéia fixa de que seu problema é de origem física, talvez não identifique de pronto que na realidade seu problema é de origem psicológica. Por isso a família, amigos e todos que estiverem próximos deverão orientar esta pessoa. Nunca com ameaças ou desprezo “você não tem nada”, pois não é verdade, ele tem algo, só que o que realmente tem não é o que acredita ter.
Quando há dificuldade em conversar com o hipocondríaco e   você percebe que não tem como levá-lo à terapia, eu aconselho a marcar uma consulta com psicólogo para um membro da família, ou mesmo um amigo, para que possa ser orientado sobre como proceder neste   inicio de atendimento psicológico, e assim será possível levar o hipocondríaco a sua psicoterapia.
O primeiro passo do psicoterapeuta será de conscientizar esta pessoa sobre seu real problema e motivá-la a deixar sua preocupação desproporcional com doenças. A psicoterapia é a oportunidade para aprender a reinterpretar os sintomas e substituir os pensamentos disfuncionais por outros mais adaptados.
A psicoterapia tratará principalmente da ansiedade, Identificará sua fonte e fornecerá formas eficientes de lidar e superar a ansiedade.
A pessoa poderá identificar o que a tornou hipocondríaca e perceberá que ela “precisou” da hipocondria para sentir algum alivio, mas que este alivio nunca chegou pois a hipocondria a fazia entrar num circulo vicioso.
O psicoterapeuta também ajudará a pessoa a entender sua própria historia de vida, conhecendo a si mesmo de uma forma bem serena e usando essa compreensão para seu crescimento pessoal como um todo.

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