sábado, 6 de outubro de 2012

A ciência do amor

Morrer de amores é uma coisa totalmente emocional, né? Pelo contrário: é totalmente “racional”.
Apaixonar-se pode causar estragos em seu corpo. O coração acelera, a barriga embrulha, você entra numa montanha russa emocional, sentindo-se delirantemente feliz em um minuto, e ansioso e desesperado no próximo.
E esses sentimentos românticos intensos não vêm do coração; vêm do cérebro.
Em um pequeno estudo, pesquisadores analisaram imagens de ressonância magnética do cérebro de 10 mulheres e 7 homens que afirmaram estar profundamente apaixonados.
O comprimento das suas relações variava de um mês a menos de dois anos. Os participantes viram fotos de seus amados, e fotos de uma pessoa com aparência semelhante.
Os cérebros dos participantes reagiram às fotos de seus amores produzindo respostas emocionais nas mesmas partes do cérebro normalmente envolvidas com a motivação e recompensa. Ou seja, esse tipo de amor usa o mesmo sistema no cérebro ativado quando uma pessoa é viciada em drogas.
Em outras palavras, você começa a desejar a pessoa por quem está apaixonado como desejaria uma droga.
Especialistas dizem que o amor romântico é uma das emoções mais poderosas que uma pessoa pode ter.
Nossos cérebros sabem que temos que escolher um parceiro. Eles se tornam motivados para conquistar o companheiro ou companheira, às vezes indo a extremos para obter a sua atenção e carinho.
A parte de recompensa do cérebro, também chamada de centro do prazer, é uma parte essencial do cérebro para sobreviver nessa situação, pois nos ajuda a reconhecer quando algo é bom. E o esforço para se sentir bem em torno de seu companheiro pode ser ainda mais poderoso do que o desejo por sexo.
Mas quando conquistamos nosso amor, esse sentimento de desejo/vício desaparece? Não completamente.
Em outro estudo, cientistas analisaram exames de ressonância magnética de 10 mulheres e 7 homens que estavam casados há uma média de 21 anos e afirmavam ainda estar intensamente apaixonados por seus parceiros.
Os pesquisadores descobriram que em cada um desses amantes de longo prazo, as regiões cerebrais também foram ativadas quando eles olharam para fotos de seus parceiros. “Amor a longo prazo” ativava regiões do cérebro ligadas ao apego e gostar de uma recompensa.
Às vezes, conquistar uma pessoa não desfaz, mas aumenta a ligação entre as pessoas, que permite que os parceiros fiquem juntos por tempo suficiente para ter e criar filhos.
Mas estudos do cérebro sugerem que o amor muda ao longo do tempo. As pessoas se acostumam com o relacionamento, perdendo o medo do parceiro as deixar, então não se focam tanto no desejo
Uma pesquisa recente descobriu que se apaixonar não envolve só o coração, mas também o cérebro.
Quando pesquisadores revisaram estudos sobre cérebro e amor, descobriram que 12 áreas do cérebro parecem trabalhar juntas somente quando você olha para o seu amado.
Segundo pesquisadores, os resultados obtidos confirmam que o amor tem uma base científica. A equipe descobriu que quando uma pessoa se apaixona, áreas diferentes do cérebro liberam substâncias químicas indutoras de euforia, como dopamina, ocitocina (chamada de hormônio do amor), adrenalina e vasopressina (estudos com animais revelam que essa substância causa comportamento agressivo e territorial).
Outros estudos sugeriram que os níveis sanguíneos de fator de crescimento neural (FCN), uma proteína que desempenha um papel na sobrevivência e manutenção das células do cérebro, também aumentam. Esses níveis são significativamente maiores em casais que acabaram de se apaixonar. A molécula também desempenha um papel importante na química social entre os seres humanos, como o fenômeno do amor à primeira vista.

1- Amor comprometido: Um dos mais conhecidos. Nesta relação, a junção de dois elementos centrais: o carinho e o respeito.
2- Amor doentio: Permeado por ciúmes. Em alguns casos, a violência exercida, seja através de palavras ou de agressões.
3- Amor egoísta: Insensato por definição. Fruto, sobretudo, da arrogância e soberba.
4- Amor imediatista: Aquele que não respeita tempo ou espaço. Simplesmente acontece, revelando apenas, o desejo do casal.

5- Amor romântico: Marcado pela devoção. Motivado, pois, pela sensibilidade e pelo amparo mutuo.
6- Amor platônico: Idealizado, mas sem foco definido. Exercido, todavia, nos primeiros anos da escola.
Mas os amores não são todos iguais. Segundo os pesquisadores, diferentes partes do cérebro são ativadas para diferentes tipos de amor. Por exemplo, em um estudo sobre o amor “romântico”, os participantes mostraram atividade cerebral no chamado sistema dopaminérgico subcortical, ativo em pessoas sob o efeito de euforia.
Esse tipo de amor também parece ativar regiões do cérebro associadas com comportamentos emocionais, tais como excitação sexual. Esta conclusão apóia pesquisas anteriores que mostram que a satisfação sexual de um casal e seus sentimentos de amor estão ligados.
Outra área do cérebro envolvida com esse tipo de amor é a da imagem do corpo, ou como uma pessoa entende e imagina alguém. Os pesquisadores dizem que uma melhor imagem corporal pode levar a um melhor relacionamento.
O amor materno já é diferente. A atividade foi maior em uma região profunda no meio do cérebro chamada substância cinzenta periaquedutal (SCP), que contém receptores para o vínculo entre mãe e filho.
Outro estudo, sobre amor incondicional, pediu que os participantes olhassem fotos de crianças e adultos com deficiência intelectual. Em seguida, pediu que eles olhassem novamente para as mesmas imagens, mas desta vez gerassem sentimentos de amor incondicional. Os resultados mostraram atividade cerebral significativa em alguns dos sistemas de recompensa do cérebro (também ligados ao amor entre mãe e filho), juntamente com a região SCP ligada ao amor materno. Os pesquisadores afirmam que o amor materno e o incondicional devem ser ligados a processos similares no cérebro.
Como os pesquisadores provaram que regiões de ordem superior de pensamento do cérebro estão implicadas nesse sentimento, o amor pode ser considerado mais que uma emoção básica, pois também envolve a cognição.
A análise realizada até agora será seguida por um estudo. Assim que for liberado, os pesquisadores tentarão provar que se apaixonar leva apenas cerca de um quinto de segundo.


Ciência e amor

Mas como o cérebro percebe e modifica sua química e seu funcionamento durante a ligação entre duas pessoas? O que acontece desde o primeiro encontro, a percepção de se estar apaixonado e a chegada do amor?

Em se tratando de amor, a neurociência ainda está engatinhando nos estudos. Uma matéria bem didática da Jeanne Callegari, publicada em Maio/2010 pela Superinteressante descreve muito bem estes estágios:

1º) Vivenciando a aproximação Olhares que se encontram, corpos que se comunicam, coisa de pele. Sim isso realmente existe, o corpo percebe essa avalanche química através do cheiro. Aí, nos conectamos com pessoas com identidade imunológica complementar a nossa.

2º) Do primeiro encontro a paixão A partir deste momento, depois da atração irresistível inicial, a química cerebral produz uma turbulência de impulsos.
1. Começa com atração sexual, com aumento da testosterona em ambos os sexos, inclusive nas mulheres
2. Depois vem a paixão avassaladora, um não vive sem o outro, o dia não começa enquanto você não me telefonar, e ai o cérebro esta repleto de dopamina.
3. Depois vem a ligação afetiva mais sólida o companheirismo, manifestado nas mulheres pela ocitocina e nos homens pela vasopressina.

3º) Bem vindos ao Amor Aqui é tudo bem mais complexo, "Enquanto crescemos, vamos criando um conceito da pessoa por quem iremos nos apaixonar", explica Semir Zeki, neurologista da University College London e autor de estudos sobre o cérebro das pessoas apaixonadas.  
As dificuldades começam logo na definição de amor. «Todos temos uma ideia do que é, mas é difícil encontrar duas pessoas como a mesma definição», diz Nuno Amado, psicólogo e investigador na área da psicologia do amor.
Donatella Marazziti, psiquiatra e especialista em biologia das relações afetivas, caracteriza o amor como «um sistema biopsicossocial, um processo que tem uma componente biológica, psicológica e social», afirma.
«O que quer dizer que é semelhante a um organismo vivo. Muda com o tempo. Inicia-se num determinado momento, torna-se mais relevante porque passa da fase enamoramento para o amor, que pode durar para toda a vida se nos empenharmos muito», refere. «É necessário haver intimidade, paixão e compromisso, como dizem alguns autores, e eu acrescentaria também o fascínio, ou seja, poder hipnótico que os membros do casal exercem um sobre o outro», explica Nuno Amado, psicólogo.

Paixão inicial

Na maior parte dos casos, a paixão é o primeiro passo para o amor. Quem não sentiu já o acelerar do batimento cardíaco, um suor súbito, as mãos a tremer e uma energia que parece não querer diminuir na altura em que vê ou pensa no tal. Estas reações físicas são sinónimo de paixão, no entanto, o cérebro também denuncia este sentimento.
«É este que nos diz se estamos apaixonados e diferencia essa tempestade de sentimentos de reações de medo, que podem ter características semelhantes», explica a psiquiatra e investigadora da Università di Pisa. No livro «Diz-me a verdade sobre o amor» (Academia do Livro), Nuno Amado refere que as análises feitas a pessoas apaixonadas mostram que as áreas cerebrais que se «acendem» são as mesmas que são associadas à recompensa e ao prazer (núcleo caudal e área ventral tegmental).

Papel dos neurotransmissores

Acende-se uma espécie de circuito no cérebro com a ajuda dos neurotransmissores. «Temos verificado que quando estamos enamorados temos um alto nível de serotonina, um neurotransmissor que dirige o nosso pensamento para uma só pessoa; de dopamina que nos torna mais curiosos, predispostos a encontrar uma pessoa e nos faz sentir nas nuvens; e de adrenalina, que provavelmente está na base desta índole de agitação comum na fase de enamoramento», descreve Donatella Marazziti.
Fase esta que consome muita energia e, como tal, não pode prolongar-se para sempre. «Dura entre seis meses e três anos, tempo mínimo para que um casal se forme e tenha um filho», refere a psiquiatra. «Mais do que isso seria complicado, pois estar apaixonado tem um efeito semelhante à toma de anfetaminas, ou seja, tem efeitos negativos no nosso organismo a longo prazo», acrescenta o psicólogo. «Verificámos que nesta fase da paixão e da atração, há um aumento da hormona do stress, o cortisol, no nosso organismo», confirma Donatella Marazziti.

Afeto e calma

Com o evoluir da relação, essa agitação inicial dá lugar à calma e à segurança, isto é, ao amor e ao afeto. «Para que um casal se forme é preciso disponibilidade mental para o fazer, logo a pessoa não pode estar sempre a pensar na outra como acontece na paixão», esclarece Nuno Amado.
«O cérebro volta às condições precedentes de estabilidade e, aqui, a libertação de oxitocina (hormona que é libertada durante as relações sexuais, durante o parto e a amamentação) tem uma palavra a dizer. Serve como uma espécie de cola entre os parceiros e talvez seja a base da alegria profunda que as relações de longa duração proporcionam», salienta a psiquiatra.
Mas o efeito benéfico da oxitocina vai mais além. «Vários estudos indicam que uma relação afetiva feliz e duradoura consegue reduzir o risco de doenças cardiovasculares e depressões e a oxitocina pode estar a associada a isso, já que promove o bom funcionamento do sistema imunitário»



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